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domingo, 20 de março de 2022

Sobre o post anterior

 Minha última postagem eu vomitei mais um pouco dos meus sentimentos negativos...

O certo mesmo é procurar um terapeuta, mas esse tipo de busca não costumamos fazer. Quando dói a cabeça, nós procuramos um analgésico. Quando temos uma diarreia, vamos para o posto de saúde. Quando temos problemas emocionais, vamos atrás de um abraço, de algo gostoso para comer... alguns vão ouvir algo que os acalme, outros vão atrás de cachaça - pra dizer o mínimo! - sem mencionar os que ouvem músicas que os acalme e dizem que para esquecer os problemas é preciso beber até cair. E o médico especializado na saúde mental? Nem passa pela cabeça!

No momento estou melhor. De qualquer forma estou descarregando parte das minhas agonias aqui, mas a luta continua. A minha mente está viva, e todos os dias ela pode me pregar peças. Sei que isso não é exclusividade minha, e também sei que isso ser comum a tantas pessoas não pode fazer com que eu minimize o que eu sinto. É só colocar as coisas na perspectiva certa, sem me enxergar como um grande babaca sem solução, e nem como o grande cara que não deve prestar atenção às suas atitudes como se não houvesse consequências.

Blog se tornou algo beeem isolado. Dificilmente alguém vai procurar um blog no Brasil. É mais fácil irem para um vídeo ou foto do que para um texto feito esse. Pra ajudar, nem estou colocando foto nos meus últimos posts. Enfim, isso virou um diário quase pessoal. De qualquer forma, você, caro leitor que caiu aqui, saiba que do último post pra cá estou melhor. E espero que você esteja bem também.


quarta-feira, 9 de março de 2022

Atrasado

 O que é preciso fazer quando se é um atrasado? 

Quando penso no que posso fazer, o que vem a mente são todas as coisas que não fiz, e que tudo o que eu fizer de agora terá pontas soltas e não serão concluídas. Pior ainda: não tente, pois você merece o castigo por tudo aquilo que você não produziu e nem vai produzir!

Enquanto isso, pessoas de desempenho medíocre e humildade reduzida serão abençoadas pelo simples fato de terem feito. Eu vou continuar triste por não ter produzido, criando oportunidades para mostrar que sou um idiota para mim mesmo.

No trabalho, sou engajado e procuro sempre fazer o melhor. Quando as tarefas sou eu que preciso tomar a decisão de fazer, eu sinto uma agonia de não querer me arriscar, de fugir de tudo o que me incomoda: a falha em aspectos simples e fáceis, o ter que lidar com a possibilidade de estragar com a vida de alguém...

Eu não sou o cara genial que minha mãe acha. Eu não sou o crânio que os parentes acham que eu sou. Eu não sou o fluente em inglês que é capaz de usar suas habilidades para melhorar de vida. A minha capacidade de aprendizagem e ensino são inúteis. Estou desde 2011 trabalhando como inspetor, e meus colegas que entraram junto comigo - alguns deles um pouco mais limitados - hoje são psicólogos, professores, e ganham bem mais do que eu. As minhas realizações são vergonhosas: sou apenas um cara legal de 30 e poucos anos.

Eu só estou falando tudo isso aqui porque quem está lendo isso aqui são pessoas que não trabalham comigo. Eu sei que não sou grande coisa, mas as pessoas que trabalham comigo não podem saber disso. Eu odeio lidar com meus pensamentos quando estou sozinho, mas eu não preciso lidar com essa mentalidade quando estou trabalhando. No meu trabalho eu sou feliz, pois esqueço do quão idiota eu sou. Eu me boicoto, faço tudo o que não se deve para justificar para mim mesmo o quão fracassado que eu sou.

Eu tenho evitado interações humanas fora do básico. As pessoas não merecem conhecer o meu lado mais chato. Elas já possuem problemas demais e mais sérios do que as de um adulto que nunca superou certas inseguranças da adolescência. Na verdade, nunca superei a certeza de que não farei o que se deve para crescer como pessoa. 

As sinapses na minha cabeça não sabem trabalhar de outra forma. Eu não tenho facilidade em ver o que posso fazer de melhor para a minha vida. Toda tentativa de andar para a frente sempre será acompanhada dum eco dizendo "você está atrasado faz mais de 20 anos". "Você aos 10 anos e aos 30 não fazem a menor diferença". "Você vai morrer sem ter deixado um legado".

Não terei filhos, não deixarei herança, e meu maior feito será ter passado num concurso público que exige apenas o Ensino Médio. A vida da minha família não irá melhorar graças a minha incapacidade de usar os talentos que possuo. Sou uma possível Ferrari com motorzinho de Fusca.

Talentos desperdiçados, sonhos não alcançados... TEMPO ESGOTADO!