O livro "Por uma vida melhor" anda causando polêmica desde a semana passada. Pra quem não sabe, esse é o tal livro que "o MEC aprovou, que fala que é certo falar errado". Mas andei lendo algumas reportagens, e me parece que o livro não incentiva que a pessoa fale somente o "errado" (leia-se: popular), mas que saiba falar - e entender - tanto o popular ("nós pega") quanto a norma culta ("nós pegamos"). Mas mesmo assim é complicado ver um livro aprovado pelo MEC fazer uma afirmação que está suscetível a causar dúvidas a quem lê. (Veja o trecho causador da polêmica aqui)
Esse assunto me fez pensar em meu dia-a-dia. Eu sou, atualmente, monitor de informática básica. Eu lido com alunos de 7 a 70 anos. Quando alguém fala comigo no popular, eu posso até "arrepití" a palavra, em minha explicação, conforme a norma culta reza, mas não usarei isso para constranger o aluno que tanto se esforça para aprender a mexer naquela máquina que ele nunca ousou mexer em toda a sua vida. Muitos deles são semi-analfabetos, e morrem de vergonha de mostrar o que entendeu com medo de falar errado. Não constranger nesse contexto é um ato de respeito e bom senso, e promove a evolução do aluno.
Agora o problema está no sujeito que, mesmo tendo acesso à norma culta, insiste em falar em todos os momentos no modo popular. Aí não dá. Exemplo: um estudante de faculdade - seja qual for a disciplina - vir a dizer que "nóis pega uns baguio" numa apresentação de TCC é de doer o coração! É de aflorar o Hulk que existe em você!!
Então, pra mim, há casos e casos. E se você, leitor, viu algo escrito errado por aqui, me mostre, pois os seus olhos atentos serão muito bem-vindos. ;) E se quiser formar melhor a sua opinião sobre o assunto, embaixo há alguns links noticiosos sobre o assunto.
Estadão
Portal Terra
G1
Último segundo
Acho que os autores do livro estão com a razão.
ResponderExcluirMas eles deviam ter ido mais fundo na explicação, porque realmente passa uma impressão de "você pode falar errado o tempo todo", e não é bem assim.
Concordo quando você diz que há casos e casos. "Falar errado" numa entrevista de emprego, por exemplo, não rola, né?
Você sabia que a gramática normativa não representa nem 10% da língua portuguesa realmente falada? É como se o português escrito fosse uma lagoa de águas quase paradas e o português falado, um rio de águas correntes, que esta sempre mudando. É injusto que a língua padrão cobre dos falantes que eles usem o português (alguns já utilizam o termo língua brasileira) exatamente como as regras mandam, pois não é isso o que aprendemos em casa e nas ruas. Os professores ensinam a forma culta nas salas de aula, mas fora delas a realidade da língua é outra. A reforma ortográfica reajustou o que deveria ser reajustado, eliminou coisas que não faziam diferença alguma (como o trema) e que atrapalhavam e confundiam o falante (alguns acentos). Se não me engano, apenas 3 mil palavras foram alteradas, o que representa um número muito pequeno perto da riqueza de nossa língua.
ResponderExcluirMaaaaaaaaaaaaas... Se uma criança é mandada à escola para aprender uma gramática universal que ela aprende em casa e nas ruas, então não precisa ir à escola. Cobrar a forma padrão o tempo todo é crueldade, mas não ensiná-la também é. Os professores não podem ignorar a existência da língua popular em sala de aula, mas deve ensinar o que é popular, coloquial e padrão, onde podemos usá-las. Talvez assim, o ensino da língua portuguesa não seja tão enfadonho para os alunos.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito bom seu post.
ResponderExcluirAs pessoas começam a criticar sem saber algo que muito é estudado pelos profissionais da área de letras , o que acaba sendo uma falta de respeito.
O livro aborda a adequação de uma formalidade ou informalidade exigida pela situação em que o falante se encontra, está apenas deixando claro para o aluno(a) que há uma variação da língua, porém, não deixa de cobrar a "Norma padrão". É uma questão de adaptação e deixar que a criança aprenda que não há um "certo" e "errado" que desvalorize o outro, e sim a formalidade exigida pelo contexto.
Eu, como estudante de letras, apoio muito a gramática descritiva e a discussão do preconceito linguístico que muito acontece em nossa sociedade. Há várias maneiras de se falar algo ,e, há diferenças e variações linguística de acordo com a esféra comunicativa em que o falante se encontra , que, muito são estudadas pela sociolinguística e a linguística em geral, como a variação regional (chamada diatópica) diferença entre a fase e idade do falante (chamada diafásica) diferença social (chamada diastrática) entre outras. A gramática normativa não é clara, e, muito menos objetiva.
Jefferson, o trema FAZ a diferença SIM.
ResponderExcluirVocê vai ver quando no futuro todos estivermos ouvindo pessoas falando "sekestro", "consekência" e "linguiça" (sem pronunciar o "u") ou mesmo pronunciando o "u" em palavras onde ele não é pronunciado, "adqüirir", "estilingüe", "parqüe".
Eliminar o acento em palavras como "ideia" e "jiboia" também foi uma péssima ideia. Imagina só as pessoas falando "tipôia".
Acredite, é questão de tempo até que comece a acontecer. Aí você vai ver o quão ruim foi a tal reforma.
Eu acho que, sim, a Língua Portuguesa precisa de uma reforma ortográfica, mas ela deveria ser melhor elaborada, porque esta que teve eliminou coisas que eram necessárias e manteve as que deveriam ser eliminadas. Foi simplesmente ridícula, eu (sim, eu) seria capaz de propor uma mais decente.