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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Agora eu sou "tio" de escola!

O corredor ideal durante as aulas. Mas, não é sempre assim!
De tanto procurar, acabei achando. Fiz uma prova, fui aprovado, e agora estou trabalhando como Agente de Organização Escolar. Ou seja, eu tanto posso trabalhar na secretaria da escola como posso ser posto como o "tio" que inspeciona os corredores da escola, pra ver se tem algum aluno fora da sala ou aprontando algo que a diretoria - e o bom senso universal - considera errado, e até mesmo vendo se algum professor faltou, nos obrigando a encaixar um professor eventual (a grosso modo, um professor eventual é uma espécie de tapa-buracos.). Mas, de qualquer forma, eu lido com público. Um público mirim em sua maioria, mas é um público!

Esse público que eu lido é composto por alunos de 6ª série até o 3º ano colegial. É preciso jogo de cintura, e a cada dia estou encontrando o meu ritmo. Quero ser eu mesmo. Parece frase de ex-Big Brother, mas é verdade. "Como assim, 'quero ser eu mesmo'?" talvez pergunte. É que eu não quero tentar impor a minha autoridade de inspetor de uma forma que pareça que eu estou tentando interpretar um personagem. Compreende o que falo? Não quero ser tipo aqueles professores que tentam se impor, mas você vê que ele se atrapalha todo na hora de falar, pois ele não demonstra a postura que ele tem que impor diante de seu público junto com sua personalidade. Ou seja, sai palavras da boca desses profissionais, mas não se apercebe atitude. Daí fica fácil perceber que ele tenta, sem sucesso, entrar num personagem que não é ele, e os alunos zombadores deitam e rolam.

Nas minhas primeiras semanas, o que eu mais faço é verificar se há aluno nos corredores durante as aulas, ou se estão voltando para as suas respectivas salas depois do intervalo. De primeira,  faço mais ou menos o que aqueles organizadores de eventos fazem, que é chegar na pessoa e dizer "por favor, para a sua sala.", e apontar o caminho. Se estão no corredor, faço a mesma coisa. Esse é meu procedimento padrão, mas não é o único. Afinal, quando o volume é muito alto, eu preparo a minha voz para que ela se projete mais alto, mas sem gritar, e me certifico que estou próximo do aluno a quem me refiro. Senão, minha voz se mistura na multidão e a informação não chega aos seus ouvidos. Se eu já chamei e enrolam, aí eu já sou obrigado a adotar uma postura mais enérgica. "O que seria "uma postura mais enérgica?" ", você talvez pergunte. E eu respondo: depende da situação. Como em tudo que envolve interação com pessoas, não existe fórmula pronta, mas existe um norte a ser seguido. (E até que não estou me sentindo um perdido. Acho que o meu tempo de observação do comportamento adolescente desde os meus tempos de escola serviu de laboratório.)

Esses "métodos" - se é que se podem se chamar as coisas que tento de métodos - que eu estou usando estão funcionando, mesmo em casos em que o aluno faz questão de testar a minha paciência, de ver até onde vai o meu autodomínio. Esse tipo de público costuma apresentar muitos indivíduos que são contestadores, mas sem argumentos para contestar. Se baixar ao nível deles é muito fácil, mas é preciso ficar atento, pois se você baixar a guarda, a sua saúde fica comprometida, e o aluno ficará lá, rindo da sua cara, enquanto seus nervos estão em frangalhos.

Sempre há os contestadores, mas os jovens costumam ter algo de bom que muitos adultos não possuem: bom humor.  O humor adolescente costuma ser irreverente. Justamente por isso é preciso que você, como inspetor, preste atenção se o que o aluno faz é só pra descontrair, ou se a intenção dele é te desmoralizar. Ou seja, não é uma profissão boa para os sempre sisudos. A palavra de ordem é: flexibilidade. É preciso mostrar que você leva a sério o seu trabalho, mas que não se leva a sério.

Faz 2 semanas que estou nesse serviço, e muita coisa ainda pode acontecer. Até agora eu tive experiência somente com os alunos, e ainda não fui posto pra falar com uma mãe, seja ela uma ouvinte passiva (não fala nada, e se fala é "aham" ou "ai, não sei mais o que fazer" e nada mais), ou participativa (que mostra ser realmente preocupada com o que o filho ou filha faz), ou  barraqueira mesmo (Essa nem precisa de explicação!), mas quero a cada dia aprender a como agir bem nas diferentes situações que me serão apresentadas nesse meu novo emprego.

3 comentários:

  1. Espero que você se realize como "tio".
    Abraços!

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  2. Pausa pra pensar. Por que eu sei o quão difícil é lidar com o público, e, principalmente com o público referente ao texto: Crianças/Jovens. Na idade da "inauguração" digamos assim, aquela idade a qual a pessoa se sente capaz e factível a tudo, as crianças principalmente são indivíduos que correm sérios riscos a se manterem por muito tempo inconstantes, fato que, de alguma forma, irá não só atingi-la espiritualmente, mas também a todos que convivem com ela. Porém, muito mais complexo, embora não pareça, ainda é para para os colaboradores da educação a conviver com essa instabilidade da maturidade sem culpa, uma vez que esse mesmo colaborador está suscetível não só a constrangimentos por meio de gozações, mas sim também a coisas mais além, como agressões. Acrescentaria, pois, que além de flexibilidade é necessário manter calma, força e muito raciocínio. Não é fácil, mas "Tio", relaxa. Eles só são pássaros novos longe do ninhos, estão querendo de alguma forma se sobressaírem.

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  3. Aeee, olha eu aquê! panan nã nanã! ;D

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